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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

As Setas do Labirinto

Ele sonhou com aquela calorosa noite de inverno.
Lembrou dos dias nublados, as garrafas no chão.
Lembrou da campainha, esqueceu o telefone.
Deixou ferver a água até o vapor tocar as estrelas.
Viu o sol se esconder atrás das nuvens, contou as pedras no chão.
Sentiu pavor da amarga contradição metafórica que não encontrou.
Sentiu a alegria transbordar com a lembrança recuperada.
Viu na sua mente, um sorriso.
Na varanda, ouviu a rua sussurrar, por entre os muros.
Na varanda, ouviu o estalar das folhas caindo na parede da sala.
Viu a lembrança que se perdeu.

Ele acordou numa fia manhã de verão...
Esqueceu o sol, deixou as marcas da caminhada no teto...
Esqueceu o silêncio  dos trovões, deixou a água transbordar dos sapatos...
Estendeu as mãos ao chão, olhou para cima...
Viu a imagem embaçada de uma memória que não consegue recuperar...
Viu a calçada de bronze sumir com a chuva de mármore...
Buscou o mais longinquo dia, viu o sorriso...
Da janela, viu as árvores derrubando as pedras...
Da janela, viu os gigantes prédios pedirem abrigo para as casas...
O sorriso era o que se lembrava...

Vai estar além das cruzadas desse labirinto mental;
Vai estar diante das frias chamas do inverno;
Esquecerá as pedras de areia que conquistou, derrubando todo o ouro da estante;
Esquecerá das marés, deixará os flocos de neve na lareira;
Sentado no quintal, não verá os meteoros cruzando os céus dentro da cozinha;
Sentado no quintal, deixará se levar pelo riso;
Pela lembrança de um sorriso... a melhor lembrança que guardou do dia que perdeu...