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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Dia Nublado

Correram pelo mar enquanto dormiam no deserto. Ainda perdidos em seu inconsciente, estendem as mãos acreditando que estão juntos ao menos em pensamentos. Esperam que um dia possam se ver de novo, porque evitam há tempo demais. Sempre olham as estrelas e através delas conseguem ver o sorriso através da luz mas não se deixam levar pelos sonhos. Mas tem certeza, não estão sozinhos.

E quando se encontram na multidão parece que o mundo todo fica em silêncio, ou talvez todos ao redor fossem só borrões, mas mesmo assim não dizem nada quando se vêem, apenas sorriem e se vão. Talvez não seja a hora ainda, porque mesmo sabendo que são exatamente quem procuram, eles precisam ir embora. Cada um pelo seu caminho, até o dia que alguém desista, até o dia que parem de lutar contra o que sentem. Contra o destino.

E vão se perder ao entardecer acreditando que tudo estava logo ali, que era só chegar e veriam tudo lá, como sempre acharam que estaria. A noite leva aos poucos o que ainda lhe pertence e o que deixou pra trás o que não importa e um pouco do que importa, nunca chegou até aqui, já tinha partido. E seguiram adiante de novo, mas se perderam outra vez. Mas quando estão de olhos fechados, ainda pode ver como se ainda estivessem lá, como se tudo ainda fosse real. Mas viram que as sombras não voltam a seguir, elas mudam o tempo todo não andam tão rápido. E sempre voltam pra lá. Onde sempre acabam se encontrando... onde tudo, começa pelo fim...

domingo, 11 de dezembro de 2011

Arbusto na Lua

Perderam o caminho. Parecia que seria tão simples e a saída era tão distante. Mas confundiram os corredores, as portas pareciam tão similares que não se sabe mais onde entraram. Ainda assim, vim procurar vocês. Queria só dizer obrigado quando encontrar mais uma vez quem me mostrou as alternativas desse labirinto, era só fechar os olhos e podia ver onde estava indo.

Agora parece muito mais claro que não se deve caminhar só em todas as estradas. E aquele vento frio que trouxe vocês aqui, ainda parecia sorrir quando nos derrubou. E o acaso que um dia nos desafiou segue seu destino e ambos seguem em frente. Mas o acaso sempre se impõe ao destino quando lhe convém e ainda diz que não teme o calor da alvorada quando for chamada ao seu encontro. Tudo estava errado quando começou.

Um castelo com cartas marcadas já estava no chão antes mesmo que os gigantes de pedra assoprassem. As luzes vão se apagando como se quisessem ficar a sós com suas sombras de medo. As horas querem correr mais que os meses, querem ver logo que aguarda após cada final. Se realmente há o que mudar. Mas em todos os lugares há sim o que mudar. Há quem mude a forma como pensa, assim como também tem quem mude o coração. Mas isso talvez seja mais comum.

Descobre-se o que nunca quis, vê o que não enxergava, mas não sente aquilo que já esqueceu. E tudo parece tão perfeito e confuso que só quem não sabe é que entende. As estatuas parece que mudaram de lugar. Agora pode-se ver o que realmente acreditamos que esteja diferente. Talvez sejamos nós quem mudamos e ainda não percebemos. E todas aquelas nuvens que levam raios dourados em seus devaneios, trazem novamente uma fagulha de esperança aos olhos que derramou suas lágrimas em ilusões passadas.

Seria tão simples se os grãos de areia caíssem no mesmo lugar, deixando pistas, sinais, qualquer indício que diga apenas esta no começo. E as caixas vazias se encheriam de esperança. E tudo que faz sentido agora é saber que não acabou. Não vai acabar ainda. Mas quem sabe pólos iguais estejam em contato. Só então... pode ser, nunca se sabe...

Voltando ao Ninho

Toda guerra parece não ter fim. Ataques contantes, várias perdas. É muito mais fácil dificultar o que os aliados querem, e assim garantir que estejam lado a lado quando combaterem as ordas inimigas. Um momento. Nenhum suspiro, não se ouve nada. Mas toda a guerra já está perdida. Foi perdida antes que pudesse começar.

Mas repare, está tudo bem, como sempre esteve. Quem entrou nesse combate, entrou para ser desarmado e derrotado. Propositalmente. Assim como se encontram atualmente. A derrota era inevitável. Os termos para render-se parecem justos. Mas quem perde nunca aceita tão formalmente uma derrota, mesmo que quisesse isso. Mas ainda assim é capaz de sorrir. Pode ouvir seus comandados comemorando a derrota.  Era tudo o que queriam, era o que mais precisava acontecer.

Era o fim daquele reinado de tirania e solidão, que por tanto tempo assolou o reino com a escuridão. Um novo tempo começa dentro da verde floresta. Aquele sol dourado voltou a brilhar. Nada nunca é em vão, nunca foi. Uma batalha sem feridos, sem sangue, apenas vários esperando que apenas um tombasse. Não há derrota, há reconhecimento da necessidade de ser derrotado.

Um Ponto de Referencia

Às vezes, pensamos se é possível conseguir entender tudo o que acontece ao nosso redor. Há algum tempo tudo parecia tão claro que mesmo sob o véu da noite, ainda fazia algum sentido, mesmo que exista alguma lógica que deixávamos de acreditar. Essa mesma lógica que deixamos nos enganar. 

Talvez seja por aceitar que tudo estava bem escondido debaixo do temporal. Mas por quanto tempo vivemos nos enganando? Se isso faz bem, ou não, já não importa. Agora que passou, deixem pra trás esse sorriso que um dia levou o relento aos céus para não cair no esquecimento.
E era tão simples. Era tudo tão comum. Quem um dia disse que o tempo cura qualquer coisa, talvez nunca tenha tido tempo o suficiente para realmente deixar passar aquilo que o derrubou. Mas não há volta. Não há caminhos para ir adiante quando se está perdido.
Não há razão quando não se sabe o que perdeu e nem quando se perdeu. E tão pouco há tempo para reclamar. Todo momento é apenas um bom momento quando realmente acredita que há algo que valha a pena começar. E isso não é apenas para vocês, mas sim um lembrete de quem já esqueceu. Já desistimos tantas vezes que não faz diferença quantas vezes deixamos de terminar o que ainda nem começou. Mas não agora, não hoje. Não mais. Vamos enfrentar o que vier até cair. Vamos nos render quando vencermos.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Abajur

E é sempre nestes estranhos dias quando o pó cobre toda a sujeira abandonada pela sala reluzente, é que percebe-se o pouco que resta de um mundo assolado por seu próprio desespero. Parece que tudo tem realmente um fim, mas nunca encontra um meio. E ainda assim, quando termina, outras coisas começam e da mesma forma, não se sabe onde parou o que, ou quando começou... 

Não existem meios. Mas então por que tudo precisa de uma explicação? As luzes que piscam sobre a mesa não querem saber porque o aquário  quebrado ainda tem água. Como um surto momentâneo de tudo que pode-se perder quando enfrenta a avalanche de egos com medo de saber sua história.

Muitas vezes a lógica não encontra nenhum sentido. Mas não se vê as gavetas caindo sobre as revistas velhas por mero acaso. O ruído das penas rachando o concreto é o meio termo de nada, com sentido nenhum. O acaso anda deixando o destino para trás. A largada nunca acontece na corrida que não termina. E eles não querem nada além disso...

Então... vão todos aproveitar o tempo que ainda há destes dias. Esperar que o controle remoto perca as pilhas para voltar a funcionar debaixo da chuva de cactos ilusão que a culpa criou. Por aquilo que os quadros ainda esperam poder ver, que seja imprevisível e insensato a ponto que se torne inesquecível, memorável e despojado de qualquer lembrança que deva um dia ser esquecida e emoldurada...

É só o que olham. Os postem continuam a cair, a cada luz que acende. Agora e daqui pra frente, devem seguir seu brilho nas antenas de TV, sem poder ir muito além dos escombros de um dia atormentado por um inquieto cachecol jogado por uma suave brisa da manhã. Sem saber o que esperar. Do contrário, tudo pode perder a graça.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ecos Perdidos

Acordes ecoam dentro das mentes perdidas, parece conhecido, mas nada lembra... e num corredor lotado, milhares de pensamentos caminham juntos e ao mesmo tempo se separam em várias salas, saindo pelas janelas, assim tudo voa ao longe...

Um vendaval indica a direção que ninguém segue. Todos estão parados. Observam o estranho que caminha só. Ninguém sorri, ninguém olha diretamente para ele. Tão vago, tão distante e estranhamente, tão... comum? Parece cada vez mais que a solidão tem sido a opção mais escolhida pelo mundo. Mesmo quando se vê um grupo grande, se vê a solidão.

Ecoam suspiros dentro da sala vazia e tudo pára. Por um momento nada parece sair do lugar... nada é tão real quanto um sonho solitário. O mundo parece fechar as portas, trancar as janelas. E ainda assim ninguém mais está lá... tudo é deixado de lado, para depois.

Abram os olhos... durmam quando a realidade os alcançar. Deixem as luzes ofuscarem as lentes escuras. Quando pisarem novamente sobre a grama úmida, corram. Porque sempre há escolhas. Sempre haverá uma saída... uma fresta...
basta olhar, basta saber a hora... não deixem escapar o que ainda não aconteceu... não deixem de sonhar quando acordarem...