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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Indo Embora

Eles se levantaram. Foram embora, tudo o que restou foi a poeira dourada, reluzente nas trevas do pensamento perdido das catastrofes mentais, segue isolado das demais ondas cerebrais. Sentiam-se inúteis, uma perda do inverno sob a luz do outono. Abandonados a ponto de serem apagados de todas as memórias. Deixados ao fundo, escondidos de suas próprias lembranças. Assim seguiram por entre as frestas dos cadernos caídos, ainda sem marcas de lápis. Dias como hoje já não fazem mais parte daquilo que os trouxe até ali.


Muros foram erguidos, prédios foram derrubados. As árvores tomaram posse de tudo. As notas mentais foram esquecidas, e, tudo o que ele ainda resistia em querer, desistiu. Momentos de raiva o assombraram por dias. Dias de tormenta, dias de uma confusão complascente. E ainda assim, ele insistia seguir adiante, andando de costas, só para não ver o futuro que tanto teme. Deixou a coragem entre as moitas secas dos quadros quebrados. Deixou um lembrete em cima do teto de feno queimado, incendiado pela lembrança do mais frio verão que enfrentou.

Deixou-se levar pela insensatez de um pensamento que abandonou no bosque eletrônico. Caixas abriam microchips dentro do caule das flores. Não retornaram da longa avenida de mão única onde perderam os óculos do deserto. Deixaram aqui a coragem que um dia pensaram conquistar, mas não quiseram. Seguiram adiante, além, pararam por um instante, não sairam do lugar, não vão a lugar nenhum. Cegos pelas trevas do sol, deixaram-se irradiar pelos raios das sombras, temiam  não ver mais quem se tornaram, ou pelo menos quem queriam ser realmente. E ali ficaram. Pensando em como poderia ter sido diferente "se", mas os quase não são uma realidade.

3 comentários:

  1. Tive q ampliar a primeira imagem pq tava achando q era um caixão, mó mórbido, mas ae vi q era só um banco dum parque hahahaha

    Qto ao texto... Meu, qq dia eu releio e tento entender, acho q pq ainda não é meio, meu céLebro não acompanhou a viagem da sua mente.

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  2. “Perdendo sangue,afasta o mal. Ir embora. Manter-se afastado não é um erro.”
    (I-CHING – Hexagrama 59 - “A Dispersão)

    Quase nada restou...mas das ruínas da fortaleza pode-se vislumbrar aquela torre. Não se sabe o que há ali. Só se pode saber indo até ela. Mas há o receio do que se possa encontrar...
    (Não deveríamos nos apegar tanto ao que passou...nem nos preocuparmos tanto com o que virá...E sim mergulharmos no agora.)

    "You are what your deep, driving desire is. As your desire is, so is your will. As your will is, so is your deed. As your deed is, so is your destiny."
    ( Brihadaranyaka Upanishad )


    “A criança que fui chora na estrada.
    Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
    Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
    Quero ir buscar quem fui onde ficou.

    Ah, como hei-de encontrá-la? Quem errou
    A vinda tem a regressão errada.
    Já não sei de onde vim nem onde estou.
    De o não saber, minha alma está parada.”
    (Trecho de “A criança que eu fui chora na estrada” de Fernando Pessoa)

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