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segunda-feira, 12 de março de 2012

Invadindo o Infinito

Já fiz parte daquela multidão que segue sem rumo. Já entrei em tantos lugares que é difícil reconhecer quando mudam as cores das entradas. Mas eu caí. Não vi além dos passos que me guiaram. Me perdi consciente de que precisava fugir. Não era mais parte de mim, ou parte de você. E segui adiante pelas ruas escuras e desertas, as mãos frias dentro do bolso da calça larga de barra rasgada por ser maior que a perna. Aquele chão sujo e úmido daquela rua me fez andar ainda mais depressa, querendo estar fora de lá. Queria estar em qualquer lugar menos ali, mas foi inevitável. Agora resta a companhia das luzes piscando, quase queimando.

Mas eu disse a mim mesmo que seguiria em frente e deixaria isso pra trás, mas antes de sair, preciso me lembrar que nunca consegui voltar e eu nunca vou desistir. E eu preciso seguir sozinho, pelo menos por enquanto. Preciso dar adeus a mim mesmo e pegar carona nesse minuano que anuncia sua chegada por aqui. Quem sabe confrontando uma luta que não seja minha, eu me lembre porque precisei ir embora.


Deixei tudo o que eu tinha guardado até que um dia eu volte, mas seria injusto te pedir que me esperasse. Então prefiro que tudo se perca para eu ter uma razão para voltar. Não sei dizer nada mais, mas vou redesenhar meu destino com as cores que perdi naquela tarde de outono que senti frio. Escrevi nomes e os guardei no bolso, para tentar lembrar se um dia eu encontrar este lugar de novo. Quero reescrever as páginas que deixei espaços.

Toda aquela dor está quase sumindo. Acho que aguentei tempo demais. Esperei algo que nunca ia acontecer, não porque não queria, mas porque não lutei contra. Mas eu sempre fiquei aqui. Sempre continuei a andar onde você pudesse me encontrar, mas nunca fui de novo aos lugares onde eu poderia te encontrar. Talvez eu apenas tenha evitado, sempre soube que não posso aprender com aquilo que nunca vi. Então só preciso de um momento, mais um, onde possa sentir que as coisas ao meu redor são reais, não tenho mais medo da dor, não temo a derrota. Mas esse tempo todo tão longe de te ver, vi que não fui eu quem mudou, apenas me afastei para sentir a ironia de estar distante daquilo que sempre quis. Mas talvez seja tarde demais. As imagens parecem tão distorcidas que mal consigo me recordar de como éramos de verdade. Mas quando você me procurar, ainda vou estar nos mesmos lugares, mesmo que não seja ao mesmo tempo que você me procure.

2 comentários:

  1. Despedidas e reencontros,idas e vindas...estradas que se abrem à nossa frente,ou talvez já estivessem ali o tempo todo,mas nosssa percepção ,por algum motivo estava fechada a enxergá-las. Só vemos,ouvimos,sentimos e digerimos aquilo que estamos preparados para tal. Tudo tem seu tempo,cada um tem o seu .O mestre só aparece quando o aluno está pronto. O maior dos mestres? Nós mesmos. Procuramos o que normalmente já possuímos. Muitas vezes perdemos. Podemos recuperá-lo. Ou não. Como em “ O Mágico de Oz”. O que procuravam já possuíam. Mas para perceber isso, cada um deve seguir sua estrada de tijolos amarelos...pessoal e intransferível,matar suas bruxas más e ir de encontro com o mágico que há em si,descortinando o mistério (só alguns...outros são necessários que continuem a existir)...essa é a vida.

    “É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.”
    (Friedrich Nietzsche)

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  2. Rafael, teus textos estão ficando cada dias mais... como posso dizer? Você "gira" tanto a "história" q o treco fica meio caleidoscópico. A coisa vai indo num espiral tão louca q tive q reler uns trechos p/ me achar, mas acho q era essa mesma a ideia né?

    "Quem sabe confrontando uma luta que não seja minha, eu me lembre porque precisei ir embora." Frasezinha pouco foda essa hein?

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